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Lorenzini em Primeiro no Mundo
Terça-Feira, 15 de Fevereiro de 2011 - por Umberto de Campos Goularte
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No dia 9 de fevereiro os registros da OLC - On Line Contest - um tipo de Campeonato Mundial de Vôo a Vela - registrou como melhor voo daquele dia, uma tentativa de quebra de recorde feita pelo diretor de Voo a Vela do Aeroclube de Brasília e multicampeão brasileiro, Carlos Alberto Lorenzini.
Hoje todos os pilotos de planador registram seus vôos na OLC. Isso é feito "descarregando-se o vôo" de um equipamento homologado, diretamente na internet. Os dados do vôo como altura, tempo e distância ficam disponíveis para todos os pilotos em redor da terra, todos os dias.
Acompanhem o relato do Lorenizni, que descreveu o vôo e suas dificuldades depois que recebeu mensagens de vários volovelistas brasileiros parabenizando-lhe pelo feito que todos podem acompanhar diariamente pela internet.
http://www.onlinecontest.org/
O vôo do Lorenizni
http://www.onlinecontest.org/olc-2.0/gliding/daily.html?st=olc&rt=olc&df=2011-02-09&sp=2011&c=C0&sc=
Prezados Karl e Geraldo,
Gostaria de agradecer a vocês pelos parabéns, pois realmente as condições do tempo foram determinantes para o sucesso do voo. Só tive alguma dificuldade no início, onde precisei tomar algumas decisões difíceis. No restante foi só alegria.
A minha intenção, no início do voo, era fazer o triangulo livre FAI (Fèderaration Aeronautique Internationale) de 400 km com vértices em Vianópolis, Lago Azul e PADF.
Assim que desliguei comecei a subir bem, com 2 m/s, como não havia conseguido dar a largada, retornei e tentei subir na mesma térmica, mas não deu certo.
Comecei o voo sem poder contar com os dados da Palm. Como era distância livre fui embora baixo mesmo, pois não consegui pegar mais nada forte; como estava chegando próximo do vale, resolvi parar para subir, mas as térmicas estavam muito turbulentas e com muita variação de subida. Resolvi buscar alguma coisa mais forte e a coisa foi só piorando, até que cheguei abaixo do limite de 250 m.
Enquanto tentava subir, para sair do buraco, percebi que o vento havia mudado, explicando a turbulência das térmicas.
Perdi a minha primeira hora de voo nesse vai e vem sem conseguir andar.
Finalmente consegui ganhar altura e decidi inverter o triângulo: PADF, Lago Azul e Vianópolis. Enquanto ia para o PADF comecei a andar tão rápido que resolvi fazer uns 90 km naquela proa, para posteriormente não ter que ir até Vianópolis, no final da tarde e ficar fora do cone.
Como é bom quando se toma uma decisão e o tempo ajuda. Daí prá a frente foi só alegria e executar a estratégia traçada no início do voo.
Quando estava indo para Lago Azul, percebi que estava ficando muito perto de Vianópolis e a perna ia ficar muito curta. Curvei à esquerda após o través de Cristalina e afastei a maior distância possível sem sair das estradas bem formadas.
Quando atingi a distância de 100 km para Vianópolis resolvi aproar.
Na perna para Vianópolis, uns 20 km depois de Cristalina, tive que desviar de uma chuva não muito intensa.
O dia começou a enfraquecer e azular na direção de Vianópolis. Fui desviando e andando nas estradas fracas, mas que sustentavam. Tentei me aproximar o máximo de Vianópolis, mas não consegui.
Quando percebi a formação de uma linha de instabilidade de Luziânia até Brasília, fui até o ponto mais próximo que não interferisse no tráfego da pista 11 de Brasília. Como do meu lado esquerdo o CB desabava, fiquei andando na frente da chuva e certo de que ninguem iria aproar o CB, tanto no pouso como na decolagem de Brasília. Isso rendeu uns 90 km, pois só me restava fazer um voo para a OLC.
Quando passava no través de Luziância, voltando, percebi que a linha de instabilidade estava indo em direção ao Norte de Vianópolis, surgindo novamente a esperança de chegar no ponto previsto para atingir o triângulo FAI de 400 km. Tentei novamente, mas não consegui atingir o ponto e o pôr-do-sol já estava próximo. Infelizmente só deu 383 km, mas, na OLC, foi o melhor voo do dia para confortar o Piloto depois de 07:30 de esforço e dedicação na busca das nossas superações.
Chegar no recorde do Blois é um feito mundial. Por enquanto está muito difícil, mas nada é impossível para quem pode contar com o apoio e a ajuda dos Amigos.
Tenho que fazer um agradecimento especial para o Jacaré e Harry Potter, que contribuíram muito para que tudo isso fosse possível. A promessa dos R$ 50,00 pra cada um pelo recorde que não veio, vai ser paga assim mesmo.
Fica a frase estampada num dos quadros da AFA: "O POSSÍVEL SEMPRE, O IMPOSSÍVEL QUANDO DETERMINADO."
Um abraço a todos e especialmente para o Jacaré e Harry Potter aos quais sou muito grato.
Lorenzini |
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